Há, no universo, quase um bovino pra cada 4 humanos. O rebanho mundial ocupa um quarto do território terrestre. Comer não é só uma dúvida de matar a fome. A decisão sobre isso que comida colocar no prato tem implicações econômicas, ambientais, éticas, culturais, fisiológicas, filosóficas, históricas, religiosas. Esta reportagem não ensina você a ingerir.
Felizmente, essa ainda é uma decisão pessoal, que depende apenas do teu julgamento sobre o que é correto e o que é errado e – não menos primordial – do teu adoro. O que essa matéria faz é tentar ajudar na decisão com o máximo possível de dado insuspeita a respeito de cada um dos muitos estilos envolvidos nessa escolha importante. Se você, após terminá-la, vai devorar um brócolis ou um cheeseburger, agora não é assunto nosso. Só esperamos que, terminado o texto, ao optar o que ingerir você saiba o que está fazendo e o que isso implica. O que é a carne?
- Desinstale aplicativos
- três folhas de hortelã picadas
- Elbert R. Robinson
- Quais Vacinas São Relevantes
A faca desce macia, cortando sem empenho o pedaço de picanha. Dourada e crocante nas bordas, tenra e úmida no centro. Você põe a carne na boca e mastiga devagar, sentindo o tempero, a maciez, a temperatura. O sumo que escorre dela enche a boca e, com ele, o sabor incomparável.
Mas que tal observar à mesma cena perante outra concepção? No prato jaz um pedaço de tecido muscular, amputado da localidade pélvica de um animal bem superior que você. Com a faca, você serra os feixes musculares. A seguir, coloca o tecido falecido na boca e começa a dilacerá-lo com os dentes. As fibras musculares, células compridas – de até 4 centímetros – e resistentes, são picadas em pedaços.
Em sua boca, a água (que ocupa até 75% da célula) se espalha, carregando organelas smartphones e todas as vitaminas, os minerais e a abundante gordura que tornavam o tecido muscular apto de realizar tuas funções, inclusive a de se contrair. Sim, meu caro, por mais que você odeie raciocinar que a comida no seu prato tenha sido um animal um dia, você está comendo um cadáver. Carne é tecido animal, em geral muscular.
As fibras que a compõe são feixes de células musculares, enroladas umas nas algumas. Ao redor delas há uma cobertura de gordura, cuja função é lubrificar a massa magra e permitir que ele relaxe e se contraia suavemente. Isto é, não há carne sem gordura. A diferença entre carne branca e vermelha é a quantidade de ferro no tecido – o mesmo mineral que dá cor ao sangue.
As células de animais grandes, como o boi, são ricas de uma molécula chamada mioglobina, que contém ferro. Peixes e galinhas, por terem o organismo pequeno, não devem de reservas tão grandes de nutrientes nas células e, dessa maneira, têm menos mioglobina. Animais mais velhos têm carne mais vermelha – isso explica a brancura do frango industrializado, abatido antes dos dois meses, se comparado à galinha caipira.
Essa última tem mais tempo para acumular mioglobina nas células. Há no mundo 1,trinta e cinco bilhão de bois e vacas. Criamos 930 milhões de porcos, 1,7 bilhão de ovelhas e cabras, 1,4 bilhão de patos, gansos e perus, 170 milhões de búfalos. Some todos eles e temos uma população de animais quase equivalente à humana dedicando tua existência a nos alimentar – involuntariamente, é claro.
E isto já que ainda não incluímos na conta a população de frangos e galinhas abastecendo a Terra de ovos e carne branca: 14,oitenta e cinco bilhões. Só no Brasil há 172 milhões de cabeças de gado bovino – uma para cada cabeça humana. Nosso rebanho bovino só é menor que o da Índia, onde é proibido matar vacas. Na média, um brasileiro come perto de 40 quilos de carne bovina por ano – isto é, uma família de cinco pessoas devora uma vaca em 12 meses. Somos o quarto estado do mundo onde mais se come carne bovina. Um brasileiro médio come bem como trinta e dois quilos de frango e 11 quilos de porco todo ano. Não existe carne sem gordura.